cavalgando tua voz, Kermann’s
Quero saudar a libertação do Universo que palpita perpetuamente
em tua alma
Quando escuto teu grito vibrante na alegria contínua
com a força da Terra,
eu canto meus poemas dançando com a Morte,
essa brisa doente de saudade
Eu compartilho contigo minha exaustão diária no subúrbio,
abandonando a Finitude do operário
& me descabelando no Infinito
Bailarinas perdem o sono na espuma de nossa luxúria
Violamos mulheres aventureiras perdidas nas esquinas
da Praça João Mendes
Por que obedecer aos burgueses?
Por que alimentar desabrigados?
Nossa fúria não comunga com padres doutrinados na salvação
Nossa loucura nos chuta para a violência da Vida
pelo simples prazer de sermos
violentos como ela
Desobedecemos completamente aos patrões, aos clientes,
aos revolucionários de botequim
& a todos os eunucos dos partidos
Nossa sombra ri no ritmo melancólico de um violoncelo
vivendo seu êxtase onde Nietzsche
se debruçou para morrer
Criminosos & acadêmicos percorrem a noite brincando
no teatro do exorcismo, mas não trafegamos,
meu adolescente azul, pelos caminhos deles
De mãos dadas contigo o entardecer
ganha uma triste aurora
doce de beijar
Sendo um Espírito Livre não posso viver sem vomitar diariamente
em órfãos que dormem invocando a Redenção
Toda Estrela da Manhã é meu pecado favorito
Inútil, arqueado sobre mim mesmo, embalo teu corpo quente
encarnando, pela boca, todas as tuas dissonâncias
Minha consciência desperta numa sepultura disseminada pelo céu,
onde querubins desobedientes flagelam maconheiros
& fumam nicotina
Kermann’s, meu amor, somos mais puritanos que um convento,
vamos sufocar burocratas na Faculdade
de Direito & fugir para a intimidade
do Infinito!
Quero te beijar violentamente & quero me beijes, ó delírio violeta
Todas as náuseas serão carícias tuas
Não há dor quando sou tua lâmina de matar o Tédio
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